ORIGEM
DA VIDA ...
Os
movimentos das massas continentais, juntando-se ou separando-se, as
transformações de climas quentes em frios e de secos em úmidos, a
formação de cadeias de montanhas e a destruição de outras por
erosão são algumas das mudanças que provocaram a extinção de
espécies e a formação de outras.
Para
facilitar o estudo da Evolução da Vida, costuma-se dividir a
história em Eons, Eras, Períodos e Épocas. Veja o quadro abaixo; a
primeira era corresponde à atual, retrocedendo-se até a época em
que a Terra se formou.
Essas
divisões são estabelecidas com base nas diferenças encontradas nos
fósseis nas sucessivas camadas de rocha.
ORIGEM
DA VIDA: Primeiras Teorias.
Uma das
hipóteses acerca da origem da vida foi a da Geração Espontânea
ou Abiogênese (a = sem; bio = vida; genese
= origem), segundo a qual a vida poderia surgir de matéria sem vida.
Essa hipótese era supostamente comprovada pelo surgimento de moscas
na carne em decomposição, de ratos em trapos sujos, etc.
O
cientista Francesco Redi (1626-1698) foi o primeiro a
questionar essa hipótese. Ele colocou carne e outros alimentos
em vários vidros, mantendo alguns cobertos com gaze e deixando
outros abertos. Se apenas a carne fosse suficiente para a formação
de larvas, estas deveriam aparecer em todos os vidros. Após alguns
dias, porém, surgiram larvas somente nos vidros abertos, o que
permitiu concluir que as larvas se originaram de ovos depositados por
moscas e não por abiogênese.
Redi
generalizou sua conclusões afirmando que todos os seres vivos vêm
sempre de outros seres vivos; era a teoria da Biogênese. Mas
os defensores da Geração Espontânea (Abiogênese) afirmaram que,
para seres simples, como os micróbios, a hipótese ainda era
verdadeira. ...
Em 1862,
o cientista francês Louis Pasteur (1822-1895) ferveu caldo de
carne e conseguiu conservá-lo estéril por muito tempo em um vidro
cujo formato, embora permitisse a entrada de ar (o que, segundo os
defensores da Abiogênese ou Geração Espontânea, era essencial
para que micróbios surgissem da matéria sem vida), impedia que a
poeira penetrasse no caldo. Depois de vários meses, fez com que o
caldo entrasse em contato com a poeira e surgiram micróbios no
líquido. Estava definitivamente derrubada a teoria da Geração
Espontânea (Abiogênese).
Teoria
de Oparin e Haldane ...
Na
década de 1930, trabalhando de forma independente, os
cientistas Aleksandr I. Oparin (russo; 1894-1980) e John B. S.
Haldane (escocês; 1892-1964) chegaram à mesma conclusão:
nas condições da Terra primitiva, a vida poderia ter surgido da
matéria sem vida ao longo de um grande período de tempo.
Evidências
geológicas e o estudo comparado da atmosfera de outros planetas
permitem concluir que a atmosfera da Terra era composta de gases
diferentes dos atuais. Oparin achava que participavam da
mistura gasosa o Metano (CH4), o Amoníaco
(NH3), o Hidrogênio (H2)
e o vapor de Água (H2O). Com esses
gases teriam sido formadas as primeiras moléculas orgânicas.
Várias
evidências indicam que praticamente não existia Oxigênio livre
na atmosfera primitiva. Se estivesse presente desde o início, esse
gás teria oxidado e destruído os primeiros compostos orgânicos,
impedindo-os de se acumular e originar os primeiros seres vivos.
Outros cientistas pensam que devia haver também Monóxido de Carbono
(CO), Sulfeto de Hidrogênio (H2S) e Gás Carbônico
(CO2).
As
fortes descargas elétricas das tempestades e os Raios Ultra
Violeta do Sol teriam representado uma fonte de energia,
que teria promovido, ao longo do tempo, as mais variadas reações
químicas entre as substâncias da atmosfera. Em virtude do longo
tempo disponível, podemos supor que se formou uma incalculável
quantidade de substâncias, das mais diversas qualidades, até
mesmo moléculas orgânicas simples, como Álcoois, Aminoácidos e
Açúcares, constituídas por pequenas cadeias de Carbono.
Em 1953,
o cientista americano Stanley Miller simulou as condições que
supunha ocorrer na Terra primitiva e testou experimentalmente a
hipótese de Oparin e Haldane.
Ele
construiu um aparelho no qual colocou Hidrogênio, Amoníaco e Metano
e submeteu essa mistura a fortes descargas elétricas, ao mesmo tempo
que fornecia Vapor de Água. Após uma semana de funcionamento
constatou no líquido formado a presença de compostos orgânicos,
até mesmo de Aminoácidos. Essa experiência não chega a provar
que foi exatamente assim que ocorreu a formação dos compostos
orgânicos, mas apóia, em vez de negar, a hipótese apresentada.
Formação
de Moléculas Orgânicas Complexas:
As
moléculas orgânicas simples teriam sido arrastadas da atmosfera
para o mar pelas chuvas, lá tendo se reunido e originado moléculas
orgânicas complexas, como Proteínas e Polissacarídeos.
Sabe-se
que Proteínas aquecidas e misturadas à água fria podem agrupar-se
e formar pequenas gotas, as microsferas.
Outro
tipo de alomerado de moléculas orgânicas foi obtido por Oparin ao
misturar Ácido a uma solução de Proteínas em Água: as Proteínas
se aproximam e formam aglomerados visíveis ao microscópio óptico,
os coacervados.
O
coacervado ou a microsfera
que tivesse aprisionado proteínas enzimáticas e uma molécula de
Ácido Nucleico (originada das sínteses de moléculas orgânicas da
atmosfera primitiva) seria considerado o primeiro ser vivo. Ele seria
capaz de realizar metabolismo, de reproduzir-se, de apresentar
hereditariedade e evoluir.
A
duplicação do DNA e seu controle da Síntese de Proteínas são
mecanismos muito complexos, que exigem a participação de grande
número de Enzimas. Por isso é pouco provável que os primeiros
genes fossem feitos de DNA.
Alguns
cientistas acham mais provável que o primeiro gene fosse feito de
RNA ou de alguma molécula semelhante e mais simples. Hoje
sabemos que, além das Proteínas, moléculas de RNA também podiam
funcionar como Enzimas (Ribozimas). Embora hoje nenhum tipo de
RNA consiga se replicar sem auxílio de Enzimas, o químico americano
David Bartel e seus colaboradores conseguiram produzir em laboratório
um RNA capaz de catalisar a união de Nucleotídeos e formar um
trecho de outro RNA. Essa experiência não prova que algo semelhante
tenha acontecido na Origem da Vida, mas incentiva pesquisas nesse
sentido.
Hipótese
Heterotrófica:
Ao que
tudo indica, a nutrição autotrófica (os seres vivos que sintetizam
suas moléculas orgânicas a partir do alimento inorgânico) não era
muito adequada aos organismos pioneiros (muito simples), pois a
Fotossíntese é bem complexa e exige uma coleção enzimática
variada.
Segundo
a Hipótese Heterotrófica, os primeiros seres vivos
deveriam apresentar nutrição sapróbia (conseguiam alimento pela
absorção de moléculas orgânicas simples dos mares primitivos).
A Respiração Aeróbia, utilizada hoje pela maioria dos seres vivos,
exige a participação de Oxigênio livre, para extrair energia da
Glicose, e de uma coleção enzimática muito ampla, pois o número
de reações químicas é muito maior que na Fermentação. Nos
mares e na atmosfera primitiva não existia Oxigênio livre e a
coleção enzimática dos seres pioneiros era pequena. Logo, é mais
provável que os primeiros seres vivos conseguissem energia por meio
de um processo Anaeróbio, como a Fermentação.
Com o
passar do tempo ...
as
condições ambientais da Terra se modificaram. À medida que os
gases da atmosfera se transformavam em moléculas orgânicas simples,
sua quantidade diminuia. Esse fato e o resfriamento da Terra,
reduzindo a frequência de tempestades, fizeram diminuir a síntese
de moléculas orgânicas. Com isso, a quantidade de alimento para
os Heterotróficos diminuiu.
Surgimento
dos Autótrofos ...
Enquanto
o ambiente se modificava, os seres vivos sofriam mutações e
surgiram organismos Autotróficos, capazes de realizar
Fotossíntese, sintetizando as substâncias orgânicas que formam seu
organismo a partir de substâncias minerais.
O fato
de o alimento dissolvido no mar diminuir cada vez mais lhes trazia
uma grande vantagem: eles não dependiam de substâncias orgânicas
escassas e, consequentemente, tinham maior possibilidade de
sobrevivência. Assim, pela Seleção Natural, aumentavam de número
na população.
Com a
atividade dos Autotróficos, uma nova modificação foi
imposta ao ambiente, que passou a ter o Oxigênio livre
em sua composição química. Com o tempo e em consequência de
mutações, surgiram seres vivos capazes de usar esse gás
(Respiração Aeróbia). Esse tipo de respiração, com maior
produção de energia que a Fermentação, foi vantajoso e
espalhou-se na população.
Os
primeiros seres vivos deveriam ter uma estrutura muito simples,
semelhante a dos atuais Procariontes. Com o tempo, surgiram seres
com células mais complexas, os Eucariontes. Algumas dessas
células podem ter se reunido e formado Colônias e, a partir
daí, originado os primeiros seres pluricelulares.
Parte
do Oxigênio atmosférico foi transformada em Ozônio, que, com o
tempo, formou uma camada no alto da atmosfera. Essa camada representa
uma proteção importante para os seres vivos atuais, pois filtra
os raios ultravioleta.
Outras
teorias sobre a Origem da Vida e críticas à Teoria de Miller:
Muitos
cientistas apontam vários problemas na teoria de Miller, entre
eles o fato de que a superfície do planeta ainda sofria o bombardeio
de Meteoritos e outros corpos celestes, além de Erupções
Vulcânicas constantes. Uma alternativa seria que os primeiros seres
vivos teriam aparecido no fundo dos oceanos, ao redor de Fontes
ou Fendas Hidrotermais, espécies de "chaminés"
de água quente e compostos minerais aquecidos pelo magma.
Para
esses cientistas as Arqueobactérias que vivem nessas fontes
seriam os descendentes dos primeiros seres vivos do planeta.
Assim, a vida não teria surgido na superfície dos mares a partir de
uma "sopa" de moléculas orgânicas. Mas essa teoria
também apresenta problemas, pois as moléculas complexas poderiam
ser degradadas ou hidrolisadas nas temperaturas altas das fendas. Em
todo caso, se ela for verdadeira, os primeiros seres não
eram heterotróficos, mas Quimioautotróficos.
Outra
teoria é a de que existe vida em outras partes do Universo e que
Germes ou Esporos extraterrestres tenham originado a vida na Terra. É
a teoria da Panspermia (pan = todo; sperma =
semente). Uma variante dessa teoria defende a ideia de que a vida na
Terra surgiu não a partir de Germes ou Esporos, mas de compostos
Orgânicos trazidos por Cometas, Meteoritos ou Asteroides. O interior
do corpo celeste poderia ter protegido esses compostos do intenso
calor produzido pela fricção com a atmosfera. O problema é que,
mesmo que alguns desses compostos tivessem resistido, é duvidoso que
esses corpos celestes tenham trazido matéria orgânica suficiente
para a Evolução da Vida até o aparecimento dos primeiros
Autotróficos.
(((Aguarde... Em breve, EXERCÍCIOS!!!)
Muito bom para iniciar estudos de introdução a biofísica.
ResponderExcluirAdorei seu trabalho , ajudou muito.obrigada.
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